20 de julho de 2012

História da Minha Vida.

O meu pai era um próspero comerciante na cidade de Natal, pois ele era talhador de carne no mercado da cidade; depois que o mercado foi incendiado ele foi transferido para o mercado das rocas.  Era conhecido por Eduardão de Macaíba.  Ele costumava guardar as suas economias em casa num cofre como  também suas armas e munições .
Quando eu tinha nove anos de idade, meu pai fez um serviço naquele cofre, deixando a parte inferior aberta e me pediu para pastorar para que meus irmãos não mexessem, foi quando eu tirei uma bala de rifle calibre 22 . No dia seguinte coloquei aquela bala numa brecha da porta da escola que tinha ao lado da nossa casa e acendi com um  fósforo, a bala explodiu causando-me  o primeiro acidente no olho direito. Foi o inicio de tudo, para não apanhar do meu pai eu escondi a verdade sobre este primeiro acidente, eu disse para ele que tinha colocado a pólvora de um traque junino em numa pedra e tinha batido com outra pedra em cima. Na explosão da pólvora fui atingido por uma fagulha de fogo, e ele acreditou e eu não apanhei dele naquele dia.
O segundo acidente foi aos doze anos.  Naquele domingo a minha mãe pediu que eu fosse para a igreja,  eu disse para ela que não iria, preferi ir ao açude do Vilar , que fica localizado na BR 304. Após jogar bola com meus amigos já na hora de vir embora  fui  tomar um banho, foi quando fui despertado para olhar um homem que arremessava pedras com uma funda, e acidentalmente uma daquelas pedras veio em minha direção atingindo o  mesmo olho do primeiro acidente , causando a perda do globo ocular. Passei a usar uma prótese.
O que me causou  maior transtorno foi o terceiro acidente. No dia 27 de agosto, aos meus quinze anos, estava eu em minha casa, depois de  ter passado o dia pescando , num  dia muito bonito deixei de ver a natureza pela ultima vez, por volta das vinte horas minha mãe chegava da igreja, e eu disse para ela que ia sair de casa para ir a quadra de esporte olhar o treino de voleibol, aonde o meu irmão Samuel estava jogando, e ela insistiu para que eu não fosse, porem eu fui.
Naquele dia estava acontecendo uma convenção política da arena, para homologar o nome do candidato a prefeito da cidade, de Macaíba. O líder político pediu para que o treino fosse interrompido, pois a quadra ia ser usada para que os fogueteiros soltassem os fogos, e eu estava sentado ao lado de um prédio conversando com meu amigo de pescaria. Quando de repente no meio de mais de mil pessoas, uma vareta de foguetão acerta o meu olho direito, causando a cegueira total.  Dai para frente eu passei a viver uma outra realidade.  Os político que ali estavam, apenas me levaram para o hospital, aonde eu passei a noite mais triste da minha vida,pois todos os meus sonhos , projetos e lembranças da minha infância passavam na minha mente como hum filme. Depois daquela noite que eu não consegui dormi, os meus pais não foram avisados do meu acidente,  fiquei sozinho naquele hospital com o meu irmão Samuel usando apenas um calção e camisa regata.  Ao amanhecer do outro dia, meu irmão foi a pé do hospital ,em Petrópolis até as Rocas, em Natal, para avisar ao meu pai do  meu acidente. O Mesmo não fez caso algum nem ao menos foi me visitar. Durante quinze dias fiquei sem a sua presença, pois todos os meus professores e amigos  do colégio onde eu estudava me visitavam, dentre aquelas pessoas destaco o  Pe Pedro que era o meu professor de Organização Social Política Brasileira  e o Pr José Barreto de Oliveira. Que, na época, era o meu pastor mesmo estando afastado da igreja. Foi muito difícil receber um ônibus cheio de alunos que vieram me visitar naquele hospital.  Meditando que  não recebera nenhuma visita do meu pai, lembrei-me ainda de uma visita muito importante que foi a do irmão chamado Agemiro, que entrava no meu quarto cantando um hino, oh que saudosa lembrança..., e eu chorava me lembrando dos dias que tinha passado na igreja, enxergando perfeitamente quando adolescente, com oportunidade de ler a palavra de Deus, e cantar aqueles hinos.  Ele fez o convite para eu voltar pra Jesus, e eu disse que só voltaria se Jesus me curasse de minha cegueira. Propósito que só mudou quinze dias depois de ter chegado em minha residência.
No dia que eu tive alta do hospital estava sozinho, ao meio dia, quando fui surpreendido com a voz do meu pai. Dizendo:  Elias!, e eu me assustei, e ele disse: você está de alta. Onde estão as suas coisas?  Ele me pegou pela mão e saiu me guiando como quem leva uma ovelha  para o matadouro, ao passar pela primeira porta que estava entre aberta eu bati com a cabeça.
                Dai pra frente o que eu vou contar foi uma nova história que Deus escreveu para mim.  Ao chegar na casa minha mãe me deu carinho atenção, sempre dizendo que eu deveria aceitar a Jesus, e eu dizia que só queria Jesus se Ele me curasse.  Pensamento este, que foi mudado no dia 13 de setembro de 1976 quando ao receber a visita dos irmãos, eu aceitei a Jesus de coração deixando cair toda cegueira espiritual.  E eu comecei a viver uma nova vida  .Desejava muito realizar os meus projetos porém  tudo parecia impossível. Eu orava ao Senhor e dizia para Ele: Como realizar os meus sonhos sem poder enxergar? Mas Deus que tem o melhor para os seus filhos, jamais deixaria desamparado aqueles que o buscam. Queria muito voltar a enxergar.  Um dia em numa oração Deus usou uma irmã em profecia e disse ;  
 __Meu servo a minha graça te basta. Deste dia em diante eu  senti que Deus tinha algo para fazer na minha vida sem que eu precisasse ver. Nada estava perdido, ainda lembro-me  que um dia um amigo de escola disse para mim : __Elias não faz sentido viver a vida sem enxergar, se fosse eu que estivesse cego eu me  jogaria debaixo de hum caminhão, palavras negativas de um jovem adolescente , porem   naquele momento não havia espaço para o desespero, pois Deus já tinha preenchido todo o vazio do meu coração, pensava muito como seria o meu futuro, a minha vida profissional, minha educação.Queria ter uma vida normal, não gostaria que as pessoas me vicem como um dependente, mas um contribuinte para sociedade a minha cidade e o meu estado o meu país. Foi ai que Deus começou a agir; conheci a minha esposa aos 16 anos em huna visita que ela fez em minha casa e depois que ela foi embora eu perguntei a minha mãe, quem era aquela menina, minha mãe informou sobre ela, e eu me lembrei dela, pois ela estudava na mesma escola que eu, quando eu ainda enxergava. Tive muitas dificuldades para namorá-la, por causa dos preconceitos, mas tive de superá-los, pois alguém dizia - como e que ela tinha coragem de namorar você, sendo cego, contudo, Deus tinha respostas para todas as perguntas. Passaram-se três anos até que eu assumi o compromisso de noivar e casar com ela.
   Mesmo diante das dificuldades, sem emprego, mas com a coragem para trabalhar, naquele ano fui ao SENAI, para escrever-me no programa de emprego que SENAI tinha de inclusão profissional.
Para começar a minha vida Deus usou o meu pai para me ajudar, e durante 3 meses ele nos dava - 2 salários por mês, a feira, pagava a água, a luz, a água, e o gás. Estava muito Bom, porém não era isso que eu queria, queria trabalhar e ter uma vida normal sem depender dos meus pais, para que ninguém dissesse que eu era dependente.  Eu já tinha ouvido alguém dizer que Deus abre portas até aonde não tem parede e isto aconteceu comigo.  Depois de três meses de casado recebi um telefonema do SENAI convidando para participar de um teste  na Embratel, pois aquela empresa tinha adaptado a mesa de PABX para inclusão de pessoas deficientes visuais.  Deus já estava dando resposta as minhas questões e orações. E as pessoas que não acreditavam que eu era capaz de trabalha.  Fiz, fui aprovado e trabalhei naquela empresa desde o ano de 1981, como prestador de serviço até o ano de 1986.               Sendo transferido para o quadro de funcionário federal  daquela empresa, por força de um decreto do ministério das telecomunicações.
No ano de 1987. Deus também concedeu à minha esposa, Elineuza, a oportunidade de trabalhar na  Telern através de um concurso.  No ano de 1988 mudei para Natal; contudo faltava uma coisa: o desejo que de dar uma resposta aos políticos da minha cidade e as pessoas que não acreditavam em mim. Naquele ano sai candidato a vereador, mas não tive êxito, prossegui lutando por este objetivo até que no ano de 1992 sendo eleito pelo PMDB na  cidade de Macaíba, depois reeleito pelo PPB  no ano de 1996.
Durante oito anos fui líder de prefeito da primeira gestão membro da comissão de legislação e justiça; na segunda gestão fui membro das comissões de justiça,  membro do conselho da educação do município, desempenhando as minhas funções com respeito e seriedade pois eu estava representando o povo que me confiou o mandato na câmara para representá-los..
No ano de 1998,eu tive que sair da Embratel por causa da privatização.  Um fato me chamou atenção, em minha saída da empresa.  Foi quando a Embratel trouxe uma psicóloga de Fortaleza para dar a noticia que eu estava no PDV(Programa demissão voluntária) da empresa .Ela passou com muito cuidado aquela informação, depois de falar  30 minutos eu pedi a ela uma pausa para falar, eu disse doutora, esta semana eu aprendi um hino que diz assim: “Mesmo que não haja frutos na videira mesmo que não haja flores no jardim,até mesmo que a figueira não floreça, nem chova na terra, nem a erva cresça, há um Deus no céu olhando para mim”... Eu parei a musica e disse: Se Deus fechou está porta, que foi Ele mesmo quem abriu, eu vou esperar nele.  E tenho certeza que se a senhora ouvir falar de mim,  vai ouvir mais uma vez que o meu Deus deu uma vitoria maior. Ela com os olhos cheio de lagrimas disse: __Elias eu vim com tanto cuidado para lhe passar esta noticia porem  foi você quem me  passou uma paz.  E assim eu assinei aquele PDV; a  Embratel queria me transferir para o RIO DE JANEIRO pois o meu cargo em Natal tinha sido extinto.  A minha esposa também passou pelo mesmo problema na Telern. e ela também assinou o PDV na Telern. E ai, será que Deus tinha esquecido de min? Continuei fazendo a sua vontade e Ele me abençoou novamente concedendo a minha aposentadoria no ano de 2002 pelo INSS. Contar sofrimento e dificuldade para mim, não e masoquismo, e sim motivo de orgulho, pois superar barreiras e vencer é para mim como um troféu. A saber, que Deus não desampara os que nele confiam. Tenho uma linda família, sou casado com ELINEUZA há 31 anos e deste relacionamento nasceram trêsb lindos filhos Eliedson, Lorena, Eliandeson, dois netos Danniel e Samuel,filhos de Eliedson e Stephanie.

2 comentários:

  1. A Cristo toda honra toda glória.

    o irmã Elias é um vencedor em Cristo Jesus, em tudo que faz.

    estamos contigo irmão Elias nessa empreitada ate a câmara municipal de Natal. E se for da vontade Dele será feito.

    Ass
    Jucielde Pereira
    filho so seu Zé costa

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  2. São pessoas assim como você que nos incentiva a continuar na luta .
    Muito obrigado.

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