O meu pai era um próspero comerciante na cidade de
Natal, pois ele era talhador de carne no mercado da cidade; depois que o
mercado foi incendiado ele foi transferido para o mercado das rocas. Era conhecido por Eduardão de Macaíba.
Ele costumava guardar as suas economias em casa num cofre como também
suas armas e munições .
Quando eu tinha nove anos de idade, meu pai fez um
serviço naquele cofre, deixando a parte inferior aberta e me pediu para
pastorar para que meus irmãos não mexessem, foi quando eu tirei uma bala de
rifle calibre 22 . No dia seguinte coloquei aquela bala numa brecha da porta da
escola que tinha ao lado da nossa casa e acendi com um fósforo, a bala
explodiu causando-me o primeiro acidente no olho direito. Foi o inicio de
tudo, para não apanhar do meu pai eu escondi a verdade sobre este primeiro
acidente, eu disse para ele que tinha colocado a pólvora de um traque junino em
numa pedra e tinha batido com outra pedra em cima. Na explosão da pólvora fui
atingido por uma fagulha de fogo, e ele acreditou e eu não apanhei dele naquele
dia.
O segundo acidente foi aos doze anos. Naquele domingo a minha mãe pediu que eu
fosse para a igreja, eu disse para ela que não iria, preferi ir ao açude
do Vilar , que fica localizado na BR 304. Após jogar bola com meus amigos já na
hora de vir embora fui tomar um banho, foi quando fui despertado
para olhar um homem que arremessava pedras com uma funda, e acidentalmente uma
daquelas pedras veio em minha direção atingindo o mesmo olho do primeiro
acidente , causando a perda do globo ocular. Passei a usar uma prótese.
O que me causou maior transtorno foi o
terceiro acidente. No dia 27 de agosto, aos meus quinze anos, estava eu em
minha casa, depois de ter passado o dia pescando , num dia muito
bonito deixei de ver a natureza pela ultima vez, por volta das vinte horas
minha mãe chegava da igreja, e eu disse para ela que ia sair de casa para ir a
quadra de esporte olhar o treino de voleibol, aonde o meu irmão Samuel estava
jogando, e ela insistiu para que eu não fosse, porem eu fui.
Naquele dia estava acontecendo uma convenção
política da arena, para homologar o nome do candidato a prefeito da cidade, de
Macaíba. O líder político pediu para que o treino fosse interrompido, pois a
quadra ia ser usada para que os fogueteiros soltassem os fogos, e eu estava
sentado ao lado de um prédio conversando com meu amigo de pescaria. Quando de
repente no meio de mais de mil pessoas, uma vareta de foguetão acerta o meu
olho direito, causando a cegueira total.
Dai para frente eu passei a viver uma outra realidade. Os político que ali estavam, apenas me
levaram para o hospital, aonde eu passei a noite mais triste da minha vida,pois
todos os meus sonhos , projetos e lembranças da minha infância passavam na
minha mente como hum filme. Depois daquela noite que eu não consegui dormi, os
meus pais não foram avisados do meu acidente, fiquei sozinho naquele
hospital com o meu irmão Samuel usando apenas um calção e camisa regata.
Ao amanhecer do outro dia, meu irmão foi a pé do hospital ,em Petrópolis
até as Rocas, em Natal, para avisar ao meu pai do meu acidente. O Mesmo
não fez caso algum nem ao menos foi me visitar. Durante quinze dias fiquei sem
a sua presença, pois todos os meus professores e amigos do colégio onde
eu estudava me visitavam, dentre aquelas pessoas destaco o Pe Pedro que
era o meu professor de Organização Social Política Brasileira e o Pr José
Barreto de Oliveira. Que, na época, era o meu pastor mesmo estando afastado da
igreja. Foi muito difícil receber um ônibus cheio de alunos que vieram me
visitar naquele hospital. Meditando que
não recebera nenhuma visita do meu pai, lembrei-me ainda de uma visita
muito importante que foi a do irmão chamado Agemiro, que entrava no meu quarto
cantando um hino, oh que saudosa lembrança..., e eu chorava me lembrando dos
dias que tinha passado na igreja, enxergando perfeitamente quando adolescente,
com oportunidade de ler a palavra de Deus, e cantar aqueles hinos. Ele fez o convite para eu voltar pra Jesus, e
eu disse que só voltaria se Jesus me curasse de minha cegueira. Propósito que
só mudou quinze dias depois de ter chegado em minha residência.
No dia que eu tive alta do hospital estava sozinho,
ao meio dia, quando fui surpreendido com a voz do meu pai. Dizendo:
Elias!, e eu me assustei, e ele disse: você está de alta. Onde estão as
suas coisas? Ele me pegou pela mão e saiu me guiando como quem leva uma
ovelha para o matadouro, ao passar pela primeira porta que estava entre
aberta eu bati com a cabeça.
Dai pra frente o que eu vou contar foi uma nova história que Deus escreveu para
mim. Ao chegar na casa minha mãe me deu carinho atenção, sempre dizendo
que eu deveria aceitar a Jesus, e eu dizia que só queria Jesus se Ele me
curasse. Pensamento este, que foi mudado
no dia 13 de setembro de 1976 quando ao receber a visita dos irmãos, eu aceitei
a Jesus de coração deixando cair toda cegueira espiritual. E eu comecei a viver uma nova vida .Desejava muito realizar os meus projetos
porém tudo parecia impossível. Eu orava ao Senhor e dizia para Ele: Como
realizar os meus sonhos sem poder enxergar? Mas Deus que tem o melhor para os
seus filhos, jamais deixaria desamparado aqueles que o buscam. Queria muito
voltar a enxergar. Um dia em numa oração Deus usou uma irmã em profecia e
disse ;
__Meu servo a minha graça te basta. Deste dia
em diante eu senti que Deus tinha algo para fazer na minha vida sem que
eu precisasse ver. Nada estava perdido, ainda lembro-me que um dia um
amigo de escola disse para mim : __Elias não faz sentido viver a vida sem
enxergar, se fosse eu que estivesse cego eu me jogaria debaixo de hum
caminhão, palavras negativas de um jovem adolescente , porem
naquele momento não havia espaço para o desespero, pois Deus já
tinha preenchido todo o vazio do meu coração, pensava muito como seria o meu
futuro, a minha vida profissional, minha educação.Queria ter uma vida normal,
não gostaria que as pessoas me vicem como um dependente, mas um contribuinte
para sociedade a minha cidade e o meu estado o meu país. Foi ai que Deus
começou a agir; conheci a minha esposa aos 16 anos em huna visita que ela fez
em minha casa e depois que ela foi embora eu perguntei a minha mãe, quem era
aquela menina, minha mãe informou sobre ela, e eu me lembrei dela, pois ela estudava
na mesma escola que eu, quando eu ainda enxergava. Tive muitas dificuldades
para namorá-la, por causa dos preconceitos, mas tive de superá-los, pois alguém
dizia - como e que ela tinha coragem de namorar você, sendo cego, contudo, Deus
tinha respostas para todas as perguntas. Passaram-se três anos até que eu
assumi o compromisso de noivar e casar com ela.
Mesmo diante das dificuldades, sem
emprego, mas com a coragem para trabalhar, naquele ano fui ao SENAI, para
escrever-me no programa de emprego que SENAI tinha de inclusão profissional.
Para começar a minha vida Deus usou o meu pai para
me ajudar, e durante 3 meses ele nos dava - 2 salários por mês, a feira, pagava
a água, a luz, a água, e o gás. Estava muito Bom, porém não era isso que eu
queria, queria trabalhar e ter uma vida normal sem depender dos meus pais, para
que ninguém dissesse que eu era dependente. Eu já tinha ouvido alguém dizer que Deus abre
portas até aonde não tem parede e isto aconteceu comigo. Depois de três meses de casado recebi um
telefonema do SENAI convidando para participar de um teste na Embratel,
pois aquela empresa tinha adaptado a mesa de PABX para inclusão de pessoas
deficientes visuais. Deus já estava
dando resposta as minhas questões e orações. E as pessoas que não acreditavam
que eu era capaz de trabalha. Fiz, fui
aprovado e trabalhei naquela empresa desde o ano de 1981, como prestador de
serviço até o ano de 1986.
Sendo transferido para o quadro de funcionário federal daquela empresa,
por força de um decreto do ministério das telecomunicações.
No ano de 1987. Deus também concedeu à minha
esposa, Elineuza, a oportunidade de trabalhar na Telern através de um
concurso. No ano de 1988 mudei para
Natal; contudo faltava uma coisa: o desejo que de dar uma resposta aos
políticos da minha cidade e as pessoas que não acreditavam em mim. Naquele ano
sai candidato a vereador, mas não tive êxito, prossegui lutando por este
objetivo até que no ano de 1992 sendo eleito pelo PMDB na cidade de
Macaíba, depois reeleito pelo PPB no ano de 1996.
Durante oito anos fui líder de prefeito da primeira
gestão membro da comissão de legislação e justiça; na segunda gestão fui membro
das comissões de justiça, membro do conselho da educação do município,
desempenhando as minhas funções com respeito e seriedade pois eu estava
representando o povo que me confiou o mandato na câmara para representá-los..
No ano de 1998,eu tive que sair da Embratel por
causa da privatização. Um fato me chamou
atenção, em minha saída da empresa. Foi
quando a Embratel trouxe uma psicóloga de Fortaleza para dar a noticia que eu
estava no PDV(Programa demissão voluntária) da empresa .Ela passou com muito
cuidado aquela informação, depois de falar 30 minutos eu pedi a ela uma
pausa para falar, eu disse doutora, esta semana eu aprendi um hino que diz
assim: “Mesmo que não haja frutos na videira mesmo que não haja flores no
jardim,até mesmo que a figueira não floreça, nem chova na terra, nem a erva
cresça, há um Deus no céu olhando para mim”... Eu parei a musica e disse: Se
Deus fechou está porta, que foi Ele mesmo quem abriu, eu vou esperar nele. E tenho certeza que se a senhora ouvir falar
de mim, vai ouvir mais uma vez que o meu Deus deu uma vitoria maior. Ela
com os olhos cheio de lagrimas disse: __Elias eu vim com tanto cuidado para lhe
passar esta noticia porem foi você quem me passou uma paz. E assim eu assinei aquele PDV; a
Embratel queria me transferir para o RIO DE JANEIRO pois o meu cargo em
Natal tinha sido extinto. A minha esposa
também passou pelo mesmo problema na Telern. e ela também assinou o PDV na
Telern. E ai, será que Deus tinha esquecido de min? Continuei fazendo a sua
vontade e Ele me abençoou novamente concedendo a minha aposentadoria no ano de
2002 pelo INSS. Contar sofrimento e dificuldade para mim, não e masoquismo, e
sim motivo de orgulho, pois superar barreiras e vencer é para mim como um
troféu. A saber, que Deus não desampara os que nele confiam. Tenho uma linda
família, sou casado com ELINEUZA há 31 anos e deste relacionamento nasceram trêsb
lindos filhos Eliedson, Lorena, Eliandeson, dois netos Danniel e Samuel,filhos
de Eliedson e Stephanie.
A Cristo toda honra toda glória.
ResponderExcluiro irmã Elias é um vencedor em Cristo Jesus, em tudo que faz.
estamos contigo irmão Elias nessa empreitada ate a câmara municipal de Natal. E se for da vontade Dele será feito.
Ass
Jucielde Pereira
filho so seu Zé costa
São pessoas assim como você que nos incentiva a continuar na luta .
ResponderExcluirMuito obrigado.