No ano de 1983, outra aventura aconteceu. Após um dia de muita chuva, eu falei ao meu irmão para irmos ao Rio Potengi no dia seguinte, nas proximidades de São Gonçalo do Amarante aonde existe uma ponte. Imaginamos que o rio estivesse cheio. Tomamos uma tarrafa emprestada, de seu Manoel pescador, depois fomos pegar camarão. Fomos de bicicleta e andamos 8 km de distante de Macaíba. Deixamos a bicicleta na casa de uma velhinha que morava nas proximidades da ponte e nos dirigimos à parte central da ponte. De lá dava para ouvir o barulho das águas na pilastra da ponte. Falei que estava muito cheio, meu irmão confirmou que estava de barreira a barreira. Então eu pensei: será que não dá para nós descermos pelas canaletas que tem ao lado da ponte? E assim fomos. Chegando ao mato, a vegetação estava muito agressiva, até nos arranhamos nos espinhos e urtigas. O meu irmão me guiava e jogava a rede nos locais mais rasos e de água parada, subimos uns quinhentos metros do ponto de partida. Já por volta do meio dia falei para irmos embora, pois a pescaria estava muito fraca e estávamos com sede e fome. Porém, eu tive uma idéia, sugeri voltar tomando banho no rio, pois meu irmão tinha falado que a água já tinha baixado, e quando entramos a profundidade ficou acima da nossa cintura e lá fomos nós de rio abaixo segurando cada um em uma alça da bolsa só assim nós nos livraríamos dos espinhos da margem. Em um determinado momento nós nos deparamos com um buraco e sem percebermos o remanso das águas, caímos dentro. Eu soltei a mão do meu irmão e fiquei nadando boiando e esperando ouvir a voz do meu irmão para nadar de acordo com a sua orientação, mas o meu irmão afundou e não subindo mais e comecei a nadar para a margem direita do rio, pois eu nadava forçando o nado para o lado direito. Fui levado pela correnteza e sair há 40 metros de distância. Chegando à margem eu me segurei em uns pés de macambira e outros matos. Ainda consegui sair, porém meu irmão estava se afogando, foi quando gritei por Deus, pedindo a Deus que não deixasse o meu irmão morrer!!! E ele subia na flor da água e fazia um barulho tentando respirar, mas voltava a afundar. Em um dado momento ele conseguiu subir, e vindo em minha direção, nadando quase sem força ele falou; Perdi a tarrafa! Pois ele estava tentando salvar a bolsa de roupa e a tarrafa, os tênis, o relógio e os peixes que trazíamos. A tarrafa era emprestada, e nós não tínhamos dinheiro para pagá-la. Agradecemos a Deus por termos saído vivos daquele rio. Quando voltamos pedimos a Manoel que era o dono da tarrafa pra ir ate o local tentar resgatar a tarrafa. E ele foi, mas não conseguiu. Ele nos disse vocês levantem as mãos pro céu, por terem saído vivos dali, pois aquele buraco pertencia a uma cerâmica que fabricava tijolos, e o buraco tinha seis metros de profundidade e trinta metros de largura e mais de cem metros de extensão. E assim Deus nos livrou de morremos afogados.
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